segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Convite para o blog ...




Olá pessoal,

Vamos acessar este blog??? Vocês encontrarão poemas, reflexões, bom humor e muita poesia marcante...

Bom proveito!!!



Abraços,

Ana Lúcia

Recado para os alunos (as ) da EJA









Caros(as) alun@s da EJA,





Sejam muito bem-vindos e vindas ao nosso edublog. Ele foi gestado com muito prazer, atenção e especial carinho para que nele possamos tecer coletivamente saberes, dizeres, experiências...
Estou aguardando os comentários de cada um de vocês das diferentes UP da FTC EAD.
Abraços carinhosos,
Ana Lúcia.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mais um Natal na roda viva da vida...



amig@s querid@s, alun@s, colegas.....




Mais uma ano está findando-se e muitos de nós tivemos perdas, choros, alegrias, renovações. Perdemos nosso colega amigo , solidário, e um profissional comprometido e apaixonado pelo seu trabalho. Estou falando do nosso amigo e companheiro João Assis, professor de Matemática da FTC EAD, nosso grande parceiro.


Este texto é uma homenagem a ele....




Mais um Natal....na roda viva da vida





Ana Lúcia Gomes da Silva
[1]

O ano de 2009?????!!! Passou célere e não nos apercebemos, pois a correria diária para produzirmos nossas existências, não nos deixou saborear os melhores momentos da natureza, da casa dos nossos pais, dos nossos amigos e colegas, não nos permitiu realizar as visitas idealizadas, os passeios planejados, enfim, muito do que gostarímos de fazer se resumiu em trabalhar, trabalhar, pagar contas, suar, correr de um lado para outro em diversas empresas, a fim de ter um salário melhor, trocar de carro, pagar mais impostos, seguros, enfrentar engarrafamentos diários, envelhecer precocemente e ir ao salão para melhorar a aparência, cobrir os cabelos brancos, rejuvenescer mais um pouco.
Então, estarrecidos nos damos conta que se aproxima mais um natal, mais um período de reflexão, mais uma chance de (re)encontros, de vivenciar o embalo dos cânticos, a magia das luzes, das decorações nos lares, nas lojas, na cidade. Neste momento natalino, confirmamos tristes e chorosos, que faltam alguns amigos, parentes, conhecidos, que se foram... ou para o outro lado da vida, ou mudaram de cidade e deles nos afastamos.
Nesse instante, percebemos que nossa correria é vã, que poderíamos ter aproveitado melhor cada dia, que nosso parente , nosso amigo(a), não estão mais aqui entre nós; não mais os abraçaremos, ouvirems seus falares e risos.
Mais um natal chegando; é hora de voltamos a prometer a nós mesmos que em 2010 será diferente.
Trabalharemos menos, mas viveremos mais , aproveitaremos cada momento, cada familiar , cada amigo... faremos os passeios e as visitas prometidas e adiadas. Seremos mais solidários, faremos mais preces, dormiremos melhor, enfim , aprenderemos a viver com menos, tendo muito mais. Sim, tendo mais calma, mais alegrias, mais saúde, mais tempo. Tempo, este que nos fez parar por alguns segundos para elaborar este texto, para refletir o sentido de cada natal em nosas vidas. Em nossa Academia Jacobinense de Letras, que terá o prmeiro natal sem nosa querida companhiera Alcira, menos um em nosso círculo de amizade, mas o nosso carinho, a nossa gratidão, o nosso maor transcendem e a acompanhan neste e noutros natais, de encontros , de saudades..
É mais um convite do mestre Jesus para aprendermos a vivenciar natais cotidianamente e nos perguntarmos: Aprendemos? Teremos mais um ano de chances? Aproveitaremos essas chances? O que realizaremos em 2010 de ações que não são visibilizadas, não são avaliadas quantitativamente apenas?
É hora de mais ‘um balanço’ de nossas ações, do nosso encontro com nossos anjos, medos, demônios interiores. É hora de sermos corajosos e admitirmos as falhas, a não transformação de informações em conhecimento.
Enfim, é hora de aprender, de crescer não apenas intelectualmente, de não sermos mais um número, mais um na multidão que célere deixa a vida passar ‘entre os dedos’ e como eu, se espanta. Já está chegando o natal???? Não é possível, natal foi ontem. E será sempre ‘ontem, se não fizermos ele exsitir cotidinamente em cada um de nós....
Confesso que sou apaixonada pelo natal e seu brilho, sua magia, sua energia que emanna nos ambientes, nas lojas, mas em especial nas famílias e nos encontros, nos abraços e aconchegos, nas preces e na celebração da vida.
Oxalá dê tempo de ressignificarmos nosos natais, pois como nos diz tão sabiamente o educador da esperança, nosso saudoso Paulo Freire [...]“Gosto de ser gente porque a história em que me faço com os outros e de cuja leitura tomo parte, é um tempo de possibilidade e não de determinismo”. (FREIRE, 2001,p. 48)
Acreditando que estamos nesse tempo de possibilidades, comecemos, ou melhor(re)comecemos nossa (re)existência pautando a vida em valores mais perenes....



[1] Professora Adjunta da Universidade do Estado da Bhia(UNEB) .

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Leitura e políticas públicas

Olá,
Como vão os leitores(as), nativos digitais, alun@s, amigos, colegas?!!!!
Espero que sempre passem por aqui para dialogarmos e ler a nós e ao mundo com "olhos de farol" , como nos convida Nanci Nóbrega.
Vamos ler....
Ana Lúcia Gomes da Silva *
"Ler os muitos discursos de mundo, a organização pública, o traçado das cidades, as civilizações diversas, [...] a paisagem do campo, o relacionamento dos homens, implica uma aguda consciência de estar no mundo e interagir com ele”. (Eliana Yunes, 1998).

Inicio minha fala transformando a afirmativa do título do texto da professora Simone Nogueira (2007), em questionamento: Qual a importância do livro na Brasil do século XXI? Sem dúvida estamos num século marcado pelo desenvolvimento tecnológico, pela crescente discussão acerca do respeito às diferenças, pelo apelo ao cuidado com o outro, pela eqüidade de gênero, entre outras demandas sociais. Uma delas é a constante luta dos vários segmentos sociais por políticas públicas para formação de leitoras e leitores. E qual o lugar, o olhar, dado ao livro, a biblioteca, a formação de leitores e aos profissionais da educação?

Há lugares, olhares, cuidados, sensibilidades para com estes elementos, crucias e fundantes para a sociedade? Dizer que não há nenhum olhar, seria fatalismo, mas, por outro lado, os olhares, são tão tímidos, que de imediato denunciam a ínfima importância dada a cada um desses elementos citados pelos gestores públicos de nosso país e do nosso estado.
Segundo Nogueira (2007, p.1) “Existem políticas públicas que incentivam a leitura e o acesso ao livro, como o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), que desenvolve ações que pretendem assegurar o acesso ao livro e á leitura a todos os brasileiros e brasileiras[1], visando formar uma sociedade de cidadãos leitores.” A própria autora concorda que é preciso fazer mais para que a democratização do acesso ao livro seja de fato uma realidade que atinja a um contingente maior, cada vez maior, de leitores e leitoras.

Como poderemos falar de maior participação social pela leitura, se segundo Bagno (1999), os sujeitos excluídos da leitura são os mesmos que não possuem moradia, salário digno, direito à saúde e educação de qualidade? Como ampliar este acesso se não desenvolvermos políticas públicas que garantam e, portanto, assegure o acesso ao livro e á leitura?
Para Nogueira (2007, p. 1), “o livro é um insumo necessário na construção do conhecimento, é o livro, independente do gênero, ou mesmo dos suportes escolhidos – hoje pode ser até virtual- possibilidade surgida neste século - o leitor que se aproximar de um livro e se apropriar de seu teor enveredará pelo universo da literatura, e, considerando o alto índice do analfabetismo funcional, o livro representa um recurso imprescindível para que se chegue a superação desse problema”.

Os exemplos de que temos conhecimento em todo o Brasil revelam e comprovam que o livro é encantador e possui magia. São exemplos dessa magia, a Borracharia que se transformou em biblioteca numa cidade mineira, a biblioteca no ponto de ônibus em Brasília, a biblioteca formada embaixo da ponte pelos catadores de papel na capital paulista, esses são alguns dos promissores e mágicos exemplos do poder de transformação que a leitura imprime. Exemplos menores, mas não menos importantes tivemos no nosso Departamento de Ciências Humanas - campus IV UNEB/ Jacobina através da disciplina Estágio Supervisionado, da qual era coordenadora, cujo curso de extensão no cárcere, promoveu a formação de leitores/as e os registros dos depoimentos de duas encarceradas participantes do referido curso, encontram-se no relatório de gestão da reitoria da UNEB como projetos de ações afirmativas realizados na gestão de 1998-2005.

Temos ainda o exemplo do projeto de extensão da professora Eleusa Câmara da UESB de Vitória da Conquista, desenvolvido no cárcere e que se transformou na sua dissertação de mestrado. Exemplos como estes, nos dão à dimensão do que as políticas públicas seriam capazes de realizar de forma efetiva em todo país, se o olhar e o lugar dado ao livro, à biblioteca e formação de alunos e professores leitores fosse a prioridade em qualquer gestão pública ou privada.

Como elevar o nível intelectual da população sem a educação, sem a leitura e, portanto, sem o estudo? As competências requeridas pelo leitor autônomo, fazem parte das habilidades complexas acionadas no ato de ler, tais como: localização de informação, inferências, pressuposições, argumentação, enfim, construção de sentidos com o material lido, quer escrito, quer imagético, cinematográfico, fotográfico, etc. como nos diz Affonso Romano de Sannt’Ana (2001)[2], “tudo é leitura, tudo é decifração. Ou não. Depende de quem lê”. Numa sociedade letrada, saber ler e escrever, saber utilizar a leitura e escrita como práticas sociais concretas são necessidades tidas como primordiais, tanto para resolver questões do cotidiano, como para exercer o direito à cidadania. Isso implica para Mortatti (2007, p.6), que “ler e escrever é, para o ser humano, necessidade tão essencial como comer, morar e amar”. Diante dessa real necessidade parece no mínimo paradoxal que continuemos com índices tão perversos de analfabetismo, bem como de analfabetismo funcional.

Como vimos no 16º Congresso de Leitura do Brasil, - COLE , realizado em Campinas no período de 10 a 13 de julho de 2007,a partir da afirmação de Ferreira Gullar, “no mundo há muitas armadilhas e é preciso quebrá-las”. Vivemos, pois, rodeados de armadilhas. São bibliotecas públicas escassas e sem a devida infra-estrutura, são docentes que não são leitores, gestores que desconhecem ou fingem desconhecer o papel social da leitura, do livro e das bibliotecas; são escolas devolvendo para o mercado de trabalho jovens analfabetos funcionais; são os números oficiais declinando sempre quanto ao desempenho de nossos alunos e alunas no PISA, no ENEM, no SAEB e em tantos outros instrumentos oficias de avaliação que analisam a leitura e escrita dos jovens brasileiros; são os direitos dos trabalhadores desrespeitados no Congresso Nacional a exemplo da proposta já votada no Congresso para a extinção do 13º , da licença maternidade, entre tantas outras armadilhas da linguagem que sequer são lidas, sequer nos indignamos e passamos a reivindicar nossos direitos .

Vamos de fato usar a nossa leitura dos fatos, dos dados estatísticos e fazer da nossa voz uma polifonia que em rede de solidariedade possa reverter o quadro de não-leitores no nosso estado, nossa cidade, nosso país.
Não é sem intencionalidade, ironia e forte teor político que Guiomar Grammont, (1999,p.1), afirma :

Ler devia ser proibido [...] acorda os homens/mulheres[3] para as realidades impossíveis, tornando-os/as incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. [...] A criança que ler poderá tornar-se um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzindo a crer que tudo pode ser de outra forma.
E com certeza a realidade pode ser de outras e outras formas, outros contornos e possibilidades, pois o poder advindo da leitura é transformador, desestruturante, inebriador, revolucionário, demasiadamente político, intencional, e traz sentidos plurais.
A leitura não é apenas um ato escolar, mas cultural e político, que exige de cada profissional a compreensão dos fundamentos, finalidades e tratamento didático, que o ensino da leitura requer. Por isso todas as disciplinas têm a responsabilidade de utilizar/analisar diversos gêneros textuais que circulam socialmente (desde os textos escritos, aos cinematográficos, pictóricos, corporais, musicais, etc), cabendo a disciplina Língua Portuguesa fazê-lo de modo sistemático.
Devemos instrumentalizar nossos alunos/as propiciando – não uma instrumentalização desprovida de crítica e descontextualizada, mas essencialmente interdisciplinar.

Tudo se dá com, na e pela leitura. Ela agudiza o senso crítico, faz perceber a ideologia subjacente aos textos veiculados socialmente. Faz interagir intelectualmente com discursos elaborados dentro de regras específicas com sintaxe, léxico, e universo de referências próprias. A leitura implica tensão, desacordo, não-linearidade, debate, diálogo, mudanças, humildade, pois às vezes não adentramos em certos textos, necessitamos voltar a outras leituras para depois retomar aquela que nos pareceu impossível compreender.

A despeito desse quadro tão perverso, há outros dados sobre a formação de leitores que nos move, e por isso mesmo, como militante esperançosa, não poderia deixar de lembrar do educador da esperança que militou nobremente pela educação e, portanto, a favor da vida, afirmando: “não posso continuar sendo humano, se faço desaparecer em mim a esperança [...] mudar é difícil, mas é possível”. (FREIRE, 2002, p.88)
Convido, pois, a todos/todas para que leiamos com todos os poros, olhares, corpos.....E escrevamos novos textos em novos contextos.

Muito obrigada!!!!
* Professora da UNEB/ Campus IV/ Jacobina.

Salvador , 26.09.07


Referências:
BAGNO, Preconceito Lingüístico: o que é como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia de esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
GRAMONT. Guiomar. A formação do leitor: pontos de vista. RJ: Argus, 1999.
SANTANA, Affonso Romano. Ler o mundo. Disponível em leiabrasil.com.br.Acesso em 10 de março 2001.
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Quatro leituras do nosso mundo (e das armadilhas e contradições). Jornal da UNICAMP. Ano XXI, nº 364, julho de 2007. Campinas, São Paulo. p. 6.
NOGUEIRA, Simone do Nascimento. A importância do livro no Brasil do século XXI. Jornal Bolando Aula - apoio didático aos professores das séries iniciais do ensino fundamental. Ano 11, nº 79, fevereiro de 2007. Santos, São Paulo.p.12.

[1] Grifo nosso
[2] Cf. Ler o mundo. Disponível em leiabrasil.com.br.Acesso em março 2001.
[3] Grifo nosso para leitora na epígrafe e mulheres na citação de Guiomar. Para cf. ler A formação do leitor: pontos de vista. RJ: Argus, 1999.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ler é o melhor remédio???




“Gosto de ser gente porque a história em que me faço com os outros e de cuja leitura tomo parte, é um tempo de possibilidade e não de determinismo”. (FREIRE, 2001.)


Olá colegas e amigos,
Vamos continuar lendo, relendo, revendoe ressignificando nossos conceitos e fazeres, para que como nos convida Manoel de Barros, possamos "transver a realidade".
Francirene Gripp de Oliveira

(Vinte Lições)

Ler
É o melhor remédio.
Leia jornal
Leia outdoor
Leia letreiros da estação de trem
Leia os preços no supermercado
Leia alguém.

Ler
É a maior comédia
Leia etiquetas jeans
Leia histórias em quadrinhos
Leia a continha do bar
Leia a bula de remédio
A página do ano passado, perdida no canto da pia, enrolando chuchus.
Leia
Livrinhos de santos
Orações para as almas
Carteira de motorista
Receita de torta
Os muros pichados
Leia
Livrinhos de santos
Orações para as almas
Carteira de motorista
Receita de torta
Os muros pichados
Leia
A Branca-de-Neve
Catálogo telefônico
O bilhete do pivete no ônibus
A conta de luz
O Manual do Contribuinte.

Leia,
O poema do seu colega
O pedido de grana emprestada
A sua reprovação
A carta de amor
O recado da faxineira
O plano monetário do ano.

Leia
A vida...
Os olhos, as mãos
Os lábios e os desejos das pessoas.
A interação que ocorre ou não
Entre física, geografia, informática

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vídeo sobre leitura...

Olá,

Vamos compartilhar ideias sobre leitura e vida...
Assistam ao vídeo e boas reflexões...
Abraços,
Ana Lúcia

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Uso das tecnologias a favor do aprendizado...



Olá pessoal,






Sem dúvida a inserção das tecnologias tem sido a tônica para ampliarmos o acesso ao saber, otimizar a comunicação e a produção do conhecimento. Entretanto, seu uso deve ser mediado a partir das ações humanas criativas, produtivas e colaborativas. Concordo com Freire quando diz: "Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão"
( Paulo Freire ,2000,p. 45).

O nosso pensar e fazer criativamente elaborados são de fato, a verdadeira "mola propulsora" - a nossa maior riqueza. Usar a tecnologia para ampliar conhecimentos, pesquisar, partilhar saberes, deve ser centrado no que Freire denominou de ação-reflexão. Mediados pelas multimídias poderemos inovar, enriquecer, problemtaizar nossas aulas, mas se o nosso fazer não for condizente com uma metodologia investigativa, o uso das tecnologias de comunicação e informação (TIC), será apenas 'instrumentalizador', e a dialogia se perderá, a criatividade e a produção serão apenas repetição, reprodução e uso das tecnologias pela tecnologia, que não fará com que a comunicação se transforme efetivamente em conhecimento.

O gênero textual "charge" é um rico recurso para leituras produtivas, colaborativas, criativas e problematizadoras...

Eis, uma charge sobre o uso das tecnologias para realizarmos um exercício de leitura coletivamente tecido a partir da mediação da própria tecnologia - nesse espaço virtual do edublog.

Convite feito, vamos à ação!!



















Para saber mais sobre o uso das tecnologias em sala de aula, acesse o link a seguir


http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-impressas/223.shtml


















Abraços,
Ana Lúcia

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Que o dia comece...



Olá pessoal,





Que o dia comece palpitante, povoado de ideias, fazeres que se desdobram em projetos de leitura, de comunicação em rede, na luta contra qualquer tipo de discriminação...

Que o dia comece doce, sereno, pulsando em nós esperanças revitalizadoras...

Que o dia comece apontando o fim : da guerra, da fome, da falta de moradia, de segurança...

Que o dia comece fazendo-nos mais humanos e solidários....

Comecemos nosso dia povoando em nós, a poesia, o encanto, a fé e o desejo que nos move, que nos 'alimenta' e nos faz crentes na mudança social, educacional, política, econômica...

Bom-Dia!!!!

Abraços esperançosos!!!

Ana Lúcia

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Textos, livros e leituras... semeando palavras





Olá amig@s,

Estou realmente feliz por encontrar a cada dia novas mensagens no meu edublog de EJA. Mensagens estas, que me encantam, emocionam, e de fato me impulsionam a continuar aprendendo, escrevendo e propagando idéias nas quias tanto acredito.
A cada dia estamos lendo, ouvindo, experienciando, o quanto nossa educação continua negligenciada e desprestigiada.Todos esses fatores muito nos toca, nos aflinge e também nos faz ficar mais indignados...

Vamos então fortalecer nossas ações educativas nos diversos espaços de aprendizagem e continuar lutando para que o profissional da educação seja valorizado, bem pago, respeitado e acima de tudo, privilegiado pela função tão primordial que realiza cotidianamente: educar mulheres e homens deste país, desta Bahia, reacendendo sonhos e esperanças, revitalizando vidas, conhecimentos, provcando tensões, deslocaments, fazendo-os lerem os fatos e as notícias criticamente.

Convidar cada um/a para que criticamente também possam perceber o poder da linguagem, da leitura , do livro, e continar semeando em terras inférteis, para transformar esta semeadura em ações produtivas, busando novas sementes, acreditando nos frutos futuros e descbrindo que leitores e leitoras têm sido formados e vão surgindo lentamente, como um ‘despertar’ de flores nos jardins humanos, como luzes na obscuridade da realidade perversa de exclusão dos bens e usufrutos culturais.

Temos muita sede. Sede de livros, de leitura, de bibliootecas públicas equipadas, de salas de leitura, revistas diversas, poemas, canções, sede de música, de cores, de artes, de cinema, enfim, sede de vida que pulsa, que dinamiza ações, que move e nos comove...
Daí, é que percebemos o quanto o autor Pablo Gentilli
[1] (2001), é provocativo ao afirmar que o duelo deste século é a esperança x o desencanto, duelo este, travado em todo o planeta e que funciona em todos os registros da ordem social. Mas é exatamente no seio deste poder que se gesta a nova sociedade, nos fluxos locais e globais que se intercambiam.

É claro que a crise global atinge a escola e nos convida a “educar na esperança em tempos de desencanto”, como afirma de forma tão procedente e lúcida o autor Pablo Gentilli, (2001) no título de um dos seus livros sobre a educação brasileira.
Ora, se a crise se instala na escola, traz tantas outras crises no seu bojo; entre elas, a que considero mais perversa e gritante: a crise da leitura e da escrita em todas as áreas do conhecimento.
É por isso que, devemos assumir que ensinar a ler e escrever é tarefa de todas as áreas, sendo, portanto, um compromisso da escola, do currículo e de todos os professores/as e demais segmentos que compõem a escola, o que se torna cada vez mais, um desafio a ser vencido em pleno século XXI, em que a circulação de informações e de acesso a ela tem sido extremamente ampla, mas não está ainda, garantindo a formação de leitores/a.

A primeira pergunta é: O que seria ler e escrever nas diferentes áreas do currículo escolar? Como articular um trabalho sistematizado, criterioso e continuando em todas as áreas do conhecimento? Como garantir que todos os professores/as assumam para si a responsabilidade de formar leitores/as? São sobre essas questões que convido cada colega cada aluno, cada leitor/a, a pensar nesta manhã ‘baianamente’ ensolarada e ‘politcamente tão maltratada’.

Este texto é um desabafo , uma reflexão, uma prova de amor ao livro, ao leitor, à biblioteca, à educação, uma provocação para cada um de nós, militantes da leitura, do livro e da biblioteca , fazedores de idéias, construtores de sonhos, de textos que queremos ver ricamente tecidos na conjuntura social: o grande texto coletivo da igualdade social, do empoderamento de mulheres e homens, de fartura nas mesas, de moradias decentes
Queremos visualizar agora, já um tempo em que negros, índios , velhos, encarcerados, homessexuais , possam se expressar e fazer valer o legado freirano: “dizerem a sua palavra e serem mais, cada vez mais..” Mais amados, mais respeitados nas suas histórias de vida e suas singularidades, nas suas diferenças e crenças .

Eu vos convido a tecerem comigo este texto coletivo em rede de solidariedade humana e escrevermos, portanto, novas narrativas, não mais as grandes metanarrativas , mas as narrativas gestadas por cada mulher, cada homem, cada índio, cada idoso, cada criança deste país, país este, que queremos ver com taxa ZERO de analfabetismo.

Salvador, 15.09.2009 (no dia do professor(a)....)
Esta é a minha homenagem a cada educador(a).

Profª Ana Lúcia Gomes da Silva
Notas:
[1] GENTILLI, Pablo e Chico Alencar Cf. para maior aprofundamento In: Educar na esperança em tempos de desencanto. São Paulo: Vozes, 2001.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Analfabetismo no Brasil: Quando teremos a taxa ZERO???


Olá, estou mais uma vez aqui para socializar conhecimento...


Vamos saber mais sobre o analfabetismo no Brasil ???!!!!!

Dados da última pesquisa realizada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007 , foram divulgados nesta terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que, nos últimos 14 anos, a taxa de analfabetismo no Brasil foi reduzida em 7,2% , com redução média de cerca de 0,5 ponto percentual ao ano.


Saiba mais...


Segundo o Ipea: 14 milhões de jovens no Brasil são considerados pobres.Entretanto, de acordo com o diretor do Instituto, Jorge Abrahão, esta redução ainda é baixa em relação aos países desenvolvidos que, na sua maioria, já erradicaram o analfabetismo.
É importante que haja redução, mas o índice ainda é muito pequeno. Ele demonstra o fracasso educacional do passado. Temos que ficar atentos para que o sistema educacional de hoje não gere conflitos. Não basta corrigir só o passado, acrescentou o diretor.
A pesquisa demonstra ainda que, coube à região Nordeste a maior redução (0,8%) da taxa de analfabetismo. No entanto esta região ainda apresenta um índice que é o dobro da média brasileira, situando-se em 20%, e bastante acima das taxas no Sul-Sudeste, que não ultrapassam os 6%.
Para a localização, observa-se que no meio rural 23,3% de sua população é analfabeto. Já na área urbana/metropolitana este índice é de 4,4%, que se mantém estável desde 2006.
Os dados revelam também números bastante expressivos quando se leva em consideração os quesitos localização e raça/cor. A concentração de analfabetos na população negra (14,1%) é mais que o dobro da concentração na população branca (6,1%).
No Brasil como um todo, cerca de 90% dos analfabetos estão na faixa etária de 25 anos ou mais, sendo que a maior concentração, em números absolutos e relativos, recai sobre os idosos. Segundo a pesquisa, em 2007, a taxa de analfabetismo na faixa etária de 15 a 17 anos era de 1,7%, entre os jovens de 18 a 24 anos (2,4%), e entre o grupo de 25 a 29 anos de 4,4%. Já entre as pessoas com mais de 40 anos, este índice era de 17,2%. EscolarizaçãoOutro indicador educacional que revela avanços em relação a 2006 é a taxa de escolarização, por faixa etárias. As crianças de 0 a 3 anos foram as que tiveram maior índice absoluto, 1,7%. Para as crianças de 4 a 6 anos, continua a ampliação da escolarização (1,6%) em relação a 2006. Na população de 7 a 14, houve um decréscimo de 0,1%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, também houve a mesma redução.De acordo com a pesquisa, a taxa de escolarização pode refletir aspectos positivos e negativos. Até a idade de 14 anos, quanto maior for o índice, melhor é. Mas, a partir daí, uma taxa elevada pode encobrir altos índices de distorção idade-série.
Fonte: Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=6566> Acesso em 09.10.09.

TV Globo: Estudo revela que analfabetismo no Brasil ainda é grande(07/10/2009 - 10:26)
Jornal Nacional

APRESENTADOR WILLIAM BONNER: Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluiu que o nível de escolaridade dos brasileiros está subindo em um ritmo menor do que deveria.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES: E o analfabetismo ainda é um problema grande.
REPÓRTER: Dona Georgete chega com os netos à escola,a mesma onde ela também estuda desde o ano passado, quando entrou pela primeira vez em uma sala de aula.
DONA DE CASA/ GEORGETE DOS SANTOS: Foo muito bom para mim, porque eu ficava constrangida, queria ler uma coisa, não conseguia.
REPÓRTER: Hoje há 14 milhões de brasileiros com mais de 15 anos que não sabem ler nem escrever. Segundo os pesquisadores, o número de pessoas analfabetas vem caindo, mas muito lentamente. Se o ritmo dos últimos anos for mantido, o país vai precisar de mais duas décadas para acabar com o problema, que é maior entre os que têm mais de 40 anos (16,9%) e entre negros (13,6%) do que entre brancos (6,2%). Na comparação da região Nordeste com a Sudeste também há diferenças. DIRETOR DE ESTUDOS SOCIAIS DO Ipea/ JORGE ABRAHÃO: O número mostra que a ação de combate ao analfabetismo das políticas públicas deixa a desejar , uma vez que a queda do analfabetismo não está ocorrendo de uma forma mais veloz.REPÓRTER: Mas houve avanços. O estudo aponta que o acesso à escola melhorou, embora ainda seja alto o número de alunos que não concluem o ensino fundamental.Segundo os pesquisadores, é preciso aumentar a média do tempo de estudo dos brasileiros, que hoje é de pouco mais de sete anos. O número vem crescendo, mas ainda é insuficiente para concluir o ensino fundamental. E quando comparamos a média entre os mais ricos e os mais pobres percebemos como há desafios a vencer. Dona Eufrásia Augusta de Assis faz em casa os exercícios da escola que ela passou a frequentar. Ainda tem dificuldades para ler, mas já reconhece que tem pela frente um mundo novo.
APOSENTADA/ AUFRÁSIA AUGUSTA DE ASSIS: Eu antigamente não era um terço do que sou agora.
Acesse o vídeo
Fonte: Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=12464.Acesso em 09.out.09.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Texto - Presa pela borboleta



Olá pessoal,


Vamos realizar antecipações de leitura ????

Pelo título do texto você diria que o mesmo fala de quê???!!!


Presa pela borboleta

Ana Lúcia Gomes da Silva *


Como nos diz com sapiência Affonso Romano de Sannt’Ana (2001)[1], “tudo é leitura, tudo é decifração. Ou não. Depende de quem lê”. E foi lendo cotidianamente o caos, os olhares, as caras e bocas, os corpos, os rostos anônimos ou não, que me dei conta, como que por um choque, e que choque, que estava literalmente impedida de dar sequer mais um passo adiante.
Estava presa, acorrentada, fragilizada, corpo tenso, disciplinado, esmagado, imóvel e sem perspectiva de saída daquela situação vexatória, dolorida, vergonhosa, a qual era submetida. Presa pela borboleta. Incrível, uma borboleta?!
Sim, a borboleta do ônibus, a catraca. Não tinha espaço algum para colocar o pé, pé não, o dedo, um mínimo de matéria corporeificada para passar além da borboleta. Fiquei então ali, suspensa de mim, experienciando o dissabor do caos, da falta de qualidade, de decência, de humanidade e tantos outros vocábulos que tão bem caracterizariam o transporte coletivo de Salvador - cidade bela, mágica, com sons e gingados mil. Também com cores e nuances que foram perfilando-se à minha frente numa leitura com cores densas, fortes, misturadas aos rostos abatidos, corpos espremidos, braços tensos e rijos segurando com força os suportes das poltronas, dos canos de ferro que se estendem ao alto,no teto do ônibus, enquanto a solidariedade vai se fazendo presente silenciosamente e em rede. Tomam nossas bolsas, livros, quaisquer outros apetrechos e colocam em seus colos.
Quem? Os que tiveram o privilégio de encontrar um lugar vago para sentarem-se.
Os corpos rijos, retos, espremidos dos que estão em pé, vão sendo sacolejados a cada curva, freio, parada...É dolorido chegar ao destino. Parece uma missão impossível. Mas teimosamente, heroicamente chegamos: mulheres, homens, idosos, crianças...
Questiono: que tal nos indignarmos juntamente com todos que têm fome de justiça social, tratamento digno, transporte de qualidade, confortável e com preço acessível? Por que essa situação perdura?!!!
É preciso deixar ecoar nossas vozes, fazer valer nossos direitos, dar visibilidade a cada ser humano que cotidianamente, faz a Bahia “ melhor”, mais “feliz”, “mais igualitária”. Pra quem? Ás custas de quem?!
Uma professora amiga minha, sai do Saboeiro ( bairro de Salvador localizado após o Cabula), há mais de 18 anos, desce a Paralela e pega o ônibus para dar 40 horas de aula na Ribeira.(professora do ensino fundamental de uma turma de alunos com necessidades especiais) E diz: “vai começar a minha via crucis”. Tombos, esfregões, apertos, odores exalando, náuseas, marmita trepidando nas mãos que tentam segurar a comida, os livros e ainda realizar o malabarismo de corpo para equilibrar-se. Sentar?!!! Nunca registrou esse privilégio nesses longos anos.
Dia após dia, durante quase vinte anos, e ainda não registrou mudanças no transporte coletivo de Salvador. E a volta para casa após o dia inteiro dando aulas?!! Sem comentários!!!!!Não precisamos dizer mais nada. Aliás, precisamos dizer muito MAIS todos os dias. Lendo e relendo o caos, se constrói uma nova ordem, se a tarefa for em rede. Leitura em rede, textos lidos e produzidos em rede, vozes coletivas e visibilizadas, estudantes, professores/as motoristas, passageiros/as, crianças, idosos/as, cada UM/UMA, que forma esse grande texto social tão marcado pelos descuidos de todas as formas, desafetos, desigualdades....
A paráfrase do ditado popular poderá ser real se o quisermos “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, mas se JUNTAR o bicho foge”...Somamos mais de um milhão de pessoas que utilizam diariamente os transportes coletivos de Salvador. Podemos fazer a diferença para modificar esse quadro crônico desolador.
Vamos, pois, ser soltos/as das “borboletas coletivas” que faz de cada dia do baiano/a uma temeridade angustiante e perversa. Demasiadamente perversa.
A leitura certamente será outra: da cidade, dos baianos/as, do transporte, dos empresários/as, dos políticos/as e de todos os segmentos sociais.
Por isso mesmo Guiomar Grammont, ( 1999,p.1), afirma :

Ler devia ser proibido [...] acorda os homens/mulheres[2] para as realidades impossíveis, tornando-os/as incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. [...] A criança que ler poderá tornar-se um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzindo a crer que tudo pode ser de outra forma.

E com certeza a realidade pode ser de outras e outras formas, outros contornos e possibilidades, pois o poder advindo da leitura é transformador, desestruturante, inebriador, revolucionário, demasiadamente político, intencional, e traz sentidos plurais.
Convido a todos/todas para que leiamos, pois, com todos os poros, olhares, corpos.....E escrevamos novos textos em novos contextos.

· Professora UNEB/IV. Doutoranda em Educação pela UFBA.

Salvador, 1/06/06. NOTA- publicado em junho 2006 na revista eletrônica http://www.espiando.com.br/ na coluna de Greice Rago(Na pista do turista).
[1] Cf. Ler o mundo. Disponível em leiabrasil.com.br.Acesso em março 2001.
[2] Grifo nosso para leitora na epígrafe e mulheres na citação de Guiomar. Para cf. ler A formação do leitor: pontos de vista. RJ: Argus, 1999.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Partilhando texto- Ler devia ser proibido



Olá,

Vamos ler e descobrir o quanto a autora nos convida de forma inusitada a formar leitores e leitoras????





Ler devia ser proibido

Guiomar de Grammon.
Ao pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Guiomar de Grammon, In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro - Argus, 1999. pgs.71-73.

sábado, 3 de outubro de 2009

Mais leituras no "Tabuleiro das Letras"...





Olá colegas, amig@s, nativos digitais....

Partilho com vocês meu texto sobre "Leitura e escrita" que foi publicado na Revista Eletrônica Tabuleiro das Letras - UNEB .Vejam o link:
http://www.tabuleirodeletras.uneb.br/secun/numero_02/pdf/artigo_vol02_02.pdf

Quero saber sua opinião.Poste aqui seu comentário e ampliemos nossas leituras e construções de sentidos...
Abraços,
Ana Lúcia Gomes

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Leitura como gênero de 1ª necessidade....


Olá leitores/as,

Partilho com vocês o texto que fiz sobre a importância da leitura e a formação do leitor/a.

Boa leitura!!!

Ana Lúcia

Cesta Básica Cultural: o livro como alimento de primeira necessidade

Ana Lúcia Gomes da Silva *

Ler devia ser proibido [...] acorda os homens/mulheres[1] para as realidades impossíveis, tornando-os/as incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. [...] A criança que lê poderá tornar-se um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzindo a crer que tudo pode ser de outra forma. (Guiomar Grammont, 1999,p.1)


Quem milita na formação de leitores e leitoras não poderia deixar de aplaudir e implicar-se com a decisão do Senado que aprovou nesta terça-feira, dia 07.04.09 a proposta de criação do “Programa Cesta Básica do Livro” de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT- DF). O desafio é tornar realidade um programa dessa natureza, que implica uma concepção de educação voltada para a cidadania e com caráter político que reveste o ato educativo para que formemos leitores e leitoras e tenha um alcance nacional e em rede de solidariedade em todos os níveis da educação.

Não poderia ser mesmo de outro autor, senão de alguém como Cristovam Buarque, que defende de forma pertinente e com conhecimento de causa, o investimento que precisa ser feito na educação em todos os níveis de ensino.

Sempre defendi que livros deveriam ser concebidos como material de primeira necessidade na cesta básica, alimento essencial a crianças, adultos, jovens, idosos que a partir do acesso aos livros podem realizar o que Guiomar Grammont nos convida a fazer na epígrafe que abre este texto: a se inconformar com as desigualdades e barbáries do mundo, com a fome de alimentos e a fome cultural, com a violência de gênero que recrudesce no país e em todo o mundo vitimando de forma perversa mulheres e crianças.
É preciso que acordemos para as realidades possíveis e impossíveis, como sinaliza a autora e nos empoderemos de forma corajosa, coletiva e continuada em prol da formação de leitores e leitoras que a partir de sua leitura e escrita façam de suas vozes e seus textos, sua comunicação com o mundo.
Segundo os PCN, (1998)[2] a educação deve estar comprometida com a cidadania, trabalhando, junto aos alunos, os princípios: dignidade da pessoa, igualdade de direitos, participação e co-responsabilidade pela vida social.
Até quando apenas discursaremos sobre estes princípios sem vê-los tornarem se prática concreta em nosso cotidiano? A dignidade da pessoa humana passa essencialmente pelo acesso aos bens e usufrutos culturais, pelo reconhecimento de direitos, pelo respeito às diferenças e pelo acolhimento ao ser humano. Tudo isso aliada à exigência da co-responsabilidade que é nossa, é coletiva, de educarmos mulheres e homens à luz das relações de gênero, formando leitores e leitoras que implicados passem a modificar o seu entorno. Nesse bojo, os/as educadores e educadoras, pais, tios, tias, bibliotecárias/os, gestores/as públicos, enfim, todos e todas devem lutar em prol da leitura como formação que possibilita desvendar, compreender o mundo e alterar as realidades perversas do analfabetismo, da exclusão, do medo, da intolerância, através de uma educação que emancipe mulheres e homes igualmente.
O Projeto de Lei aprovado prevê a distribuição de dois livros de literatura, artes, ciências e de caráter científico, por bimestre letivo (oito livros ao ano). Claro que é muito pouco, mas o circuito dos gêneros textuais, por exemplo, realizados nas escolas poderão ampliar as leituras, os debates e fomentar a produção de outros gêneros textuais tendo como “mote” os livros lidos. As estratégias são muitas basta que cada escola elabore projetos de leitura e escrita a partir dos livros do referido programa e paulatinamente vá ampliando o acervo.
As ações maiores e com maior alcance nacional deverão ser implementadas a partir de políticas públicas para o livro e a leitura como ação política em prol do livro e da leitura, além da continuada formação dos docentes e demais atores e atrizes socais que cotidianamente constroem a escola.
Não se pode admitir que o porteiro, a merendeira, a faxineira sejam analfabetos dentro da própria escola. Que formação é essa que invisibiliza e exclui diversos profissionais como se todos e todas que fazem a escola não precisassem ser leitor voraz, crítico e autônomo? São essas distorções que precisamos corrigir em programas que sejam realizadas a partir de redes de ensino que incluam as universidades, ONG, instituições de fomento à pesquisa, entre outras, numa circularidade com a escola e seus agentes.
O autor do projeto Cristovam Buarque e relator Marco Maciel (DEM-PE) afirmam que “ o projeto, que é terminativo, segue agora para a Câmara dos Deputados.” A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) afirmou que “o projeto é autorizativo e que teme que ele seja arquivado na Câmara” (2009, p.1)[3] o que nos aponta o descompromisso dos políticos para com a educação. Lembrem-se, políticos eleitos por nós. Ser leitor/a implica saber realizar escolhas de forma crítica, consciente, e o voto é um, dentre tantos instrumentos de poder do cidadão/ã , que deverá estar atento/a aos desdobramentos das votações e encaminhamentos oficiais em torno do referido projeto.
Essa causa é nossa. Impliquemos-nos nela!!!!




* Professora adjunto do campus/ IV/UNEB e membro da Comissão de Estruturação do Sistema de Bibliotecas da UNEB. COM- SISB.
[1] Grifo nosso para leitora na epígrafe e mulheres na citação de Guiomar. Para cf. ler A formação do leitor: Pontos de vista. RJ: Argus, 1999.
[2] BRASIL. Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa. Ensino Fundamental 3º e 4ª ciclos. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Ação Educativa, 1998.

[3]Disponível em: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2009/04/07/comissao-do-senado-aprova-cesta-basica-de-livro-sem-dotacao-orcamentaria-755183530.asp. Acesso em 09 de abril de 2009.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Um pouco de poesia...na magia da palavra e do sentir!!!


Olá!!!!

Encontrei um texto que é "uma leitura singular, desconcertante e de pura poesia"

Leiam a entrevista do poeta Manoel de Barros na Revista Caros Amigos.




Uma entrevista exclusiva com o autor de Memórias Inventadas - A Terceira Infância- e maior vendedor de livros de poesia do País. Imperdível.Lançada no mercado de publicações, por um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros, Sergio de Souza ( que partiu este ano), a revista Caros Amigos sempre circulou, nestes 11 anos, sob um ponto de vista original e diferenciado. Neste final de ano presenteia seus leitores e fãs, trazendo uma entrevista exclusiva com o poeta pantaneiro: Manoel de Barros. Reza a lenda, que cada vez mais arredio à imprensa ( perdeu um filho recente) e avesso a entrevistas, à Caros Amigos, mais uma vez, conseguiu o feito, por sua admiração à revista e seus editores e pela interlocução de seu correspondente no Mato Grosso do Sul, o repórter Bosco Martins. Amigo do poeta e de sua esposa Stella, há quase trinta anos, é um dos poucos jornalistas que ainda freqüenta sua intimidade e residência em Campo Grande/MS, onde mora o poeta. Esta relação de amizade, fez com que o mesmo se tornasse, uma espécie de interlocutor, dos admiradores que querem conhecê-lo. Desta feita, já estiveram na residência do casal, entre outros: José Hamilton Ribeiro, José Julio Chiavenato, Apolônio de Carvalho, Cássia Kiss, entre dezenas de globais, Gilberto Gil , ainda Ministro , que se “avexou” por o poeta tê-lo convidado à “praticar o ócio”, etc. Estas e outras estórias, se transformarão em livro ( já no prelo) devendo ser lançado em breve pelo jornalista. Mas é graças ao resultado desta intimidade entre o jornalista e o poeta que foi possível, à Caros Amigos, nos revelar confidências inéditas: Manoel o fala da obra de Paulo Coelho e de seu encontro com Vinicius Moraes, numa famosa casa da boêmia carioca da década de 60, do seu quase “encontro” com Manuel Bandeira e revela inclusive, uma decisão dolorosa à todos que amam sua poesia. Por conta da idade, o poeta revela ao jornalista, que “Memórias Inventadas- A Terceira Infância-” ( recém lançado pela Ed. Planeta), pode ser seu ultimo livro. Para os que acham pouco, mais revelações exclusivas sobre Manoel de Barros que completa neste mês Dezembro, 92 anos ( dia 19). Seguindo a sina de interlocutor e confidente do poeta , Bosco Martins, introduz desta vez , em sua sala de visitas outros dois jovens jornalistas, que trazem um presentão para ele nesta data especial: a informação de que sua obra ganhou tradução para língua inglesa. Suas tradutoras, como as de Guimarães Rosa e Machado de Assis, afirmam que foi preciso se desdobrarem para transportá-lo para a língua de Shakespeare. Sua “ originalidade lingüística,” provocou “um verdadeiro exercício semântico e poético”, garantem as duas, aos jornalistas João Carlos Lopes e José Santini. Juntos , com Bosco Martins assinam, este material imperdível e inédito. Um belo presente de natal, que poderá ser encontrado, nas bancas de todo o País, a partir do próximo 15 de Dezembro, numa tiragem de 50 mil exemplares. Leiam os principais trechos da matéria. Manoel de Barros desvenda a infância da palavraMaior vendedor de livros de poesia do País, o poeta pantaneiro diz que a semente da palavra é a voz de Deus, mas que só as crianças, os tontos e os poetas podem semeá-la..


Mesmo quase sem escrever, Manoel de Barros não é o poeta triste e solitário à espera das horas. É na infância que ele continua a viver. E é dessa infância que nasce toda a sua poesia. Sua saudade é a fonte do minimalismo que eterniza as coisas sem importância do sertão pantaneiro. "Meu umbigo ainda não caiu. A ciência é essa: eu ainda sou infantil". Mas a sua ciência não é lógica, é um contra-senso. Tudo nele é contraditório e desaforado. Nas paredes da sala de sua casa estão ladeados um arlequim de Degas e um velho retrato do vagabundo de Chaplin. No escritório onde produz uma poesia que só explica com imagens, as paredes são brancas. Nas suas mãos estão os profetas bíblicos, embora ele já tinha dito que é comunista. Reservado, há mais de uma década ele se dedica a responder perguntas apenas por escrito. Foram raros os momentos em que se permitiu mostrar sob a palavra falada. Mas foi num desses raros momentos que ele recebeu a Caros Amigos em sua casa, em Campo Grande, cidade onde mora e mantém o seu "escritório de ser inútil, isto é, de ser poeta".Mas que fique claro: esta entrevista não se trata de um lançamento do seu novo livro. Ele faz questão de enfatizar: "Eu não lanço nada. Porque essa palavra "lançar", lá em Cuiabá, quer dizer vomitar. Então eu nunca vomitei e nem vou vomitar aqui".Leia os principais trechos da entrevista:Leituras Estou só relendo. Essa rapaziada mais nova eu quase não leio, inclusive porque estou prejudicado. Leio vinte minutos e começo a lacrimejar. Então eu leio as pessoas que já conheço e que gosto muito. Gosto demais de ler o Padre Antonio Viera, Guimarães Rosa, Machado de Assis, e o velho testamento: os Profetas do velho testamento. Sou fanático pelo velho testamento - pela literatura, como livros de arte. Não encaro aquilo como livro religioso - também me interessa, mas gosto principalmente dos profetas, me agrada muito a linguagem. Mas me angustia, sim, essa coisa de ler pouco. Porque eu acho que a literatura e qualquer arte serve para desabrochar a imaginação. E se você não tem boa leitura, não tem boa musica, não tem boa pintura, a sua imaginação, pelo menos a minha, eu acho que fica um pouco embotada, fica um pouco sem caminho e não desabrocha. Eu tenho escrito muito pouco, a minha imaginação criadora está muito prejudicada. Eu estou bem castrado, sabe. Mas não é culpa minha, velho é isso mesmo, tem limitações. A gente tem que aceitar sem chorar. Escritório de ser inútilÉ muito pequeno, só cabe a mim mesmo. Eu tive uma biblioteca lá no Rio, porque eu morei lá muitos anos, e quando eu mudei para Campo Grande, encaixotei tudo para enviar, mas se perdeu tudo pelo caminho. Não sei se foi algum roubo... Mas era uma biblioteca boa. [Hoje] tenho muitos coisas antigas, mas não tenho essa vaidade [de ter livros raros ou autografados]. E escrevo sempre a mão, no lápis. Eu tenho muitos lápis usados, sabe, muitos, uns cem. Continuo escrevendo até o toco, e depois guardo. O dom da palavra Primeiro eu sou cristão, eu acredito no dom. A pessoa nasce como uma predisposição, que eu chamo de dom para a arte. Eu acho que nasci com esse dom. Porque desde que me entendi por gente, com 13 anos, interno no Colégio dos Maristas, que eu fui ler pela primeira vez o Padre Antonio Vieira, foi que descobri o que era poesia, o que era literatura, o que era uma aplicação literária pela palavra. Então eu fiquei apaixonado pela palavra. Você sabe o que é se apaixonar pela palavra? É você sonhar com ela, e você tomar nota, e de manhã você saber se ela dormiu... A partir disso, eu nunca mais quis me aplicar a outra coisa. Eu achei que isso era a minha única destinação. Eu acho que poesia é um parafuso a mais na cabeça, outra uma vez três de menos. E nunca mais saiu da minha cabeça essa predestinação, essa tara, esse homicídio, essa obsessão pela palavra. Desde que comecei a ler o Vieira, eu também comecei a escrever. Escrevi para o meu pai e para minha mãe que já tinha descoberto minha vocação, que não era pra médico, dentista, engenheiro; era pra fazer frase. Eu chamo isso de dom.Influências Eu li toda a literatura portuguesa, todinha. Então fui ler francês, Rimbaud, Baudelaire, e esse pessoal toda da língua francesa. Morei nos Estados Unidos por um ano, para ler os poetas de língua inglesa. Mas o Padre Vieira me assusta, pela linguagem própria dele, pela linguagem poética dele, que é uma linguagem literária mesmo, e então descobri o que era literatura. Passei a ler tudo dele, todos os Sermões que ele tinha feito na vida dele, com o maior gosto. Foi um negócio que me levou para toda a literatura quatrocentista portuguesa. Eu passei do Vieira para os outros, Gil Vicente, Camões , etc. Então eu li toda a literatura portuguesa. Desencontro com Manuel Bandeira Conheci o Manuel Bandeira quando eu morava no Rio de Janeiro e dava aula na Faculdade de Filosofia, onde ele lecionava literatura. Ele morava em um apartamento - já tinha deixado o beco. Eu era apaixonado pela poesia dele, sou apaixonado pela poesia dele, gosto muito. Inclusive fui até Recife para conhecer a casa dele, na Rua da Aurora; cheguei lá e fiquei decepcionado: perguntei para as pessoas ali aonde era a casa dele, e ninguém conhecia quem era o Manuel Bandeira. Como eu já tinha ido a Pernambuco, resolvi conhecê-lo [pessoalmente, no Rio]; peguei coragem. Ele morava no quinto andar, em um edifício na Esplanada do Castelo. Subi até lá de elevador. Bati com o dedo na porta do apartamento, que eu sabia que era dele pelos jornais. Bati três vezes e não apareceu ninguém. Deu-me um medo, sabe, me deu um pavor. Saí correndo e desci pela escada a baixo. Não conheci o Bandeira. Eu fui para conhecê-lo, mas não o conheci por medo. Encontro com Vinícius de Moraes"Eu conheci Vinícius de Moraes num puteiro. Eu estava de férias em Corumbá, eu tinha vinte e poucos anos, e ele dirigia o Suplemento Literário do Jornal do Brasil. Eu resolvi escrever um poema e enviar lá para o Suplemento, assim de gozação comigo, eu sei que não ia merecer. Mandei para lá e na outra semana veio o meu poema na primeira página, e era um poema imenso. Aí então o Vinícius ficou sabendo que existia o Manoel de Barros. E um dia fui para o Rio, solteiro ainda, e fui para um dancing que existia na Av. Rio Branco. Então entrei e quando olhei lá no meio, sentado numa mesinha, estava o Vinícius, com uma mulata. Eu resolvi me apresentar, já tinha tomado até uns conhaques. Sentei na mesa e disse que era o Manoel de Barros, que ele tinha publicado um poema meu. Ele me cumprimentou e tal, mandou chamar uma mulata lá pra sentar comigo. Aí quando acabou o Dancing, agente foi tomar uma canja, tinha um lugar lá na Galeria Cruzeiro, onde tinha uma canja noturna, para os bêbados, assim ficamos amigos"Academia Não conheço nenhum intelectual brasileiro. Conheci só o Carlos Heitor Cony, lá em Cuiabá, quando recebi um prêmio do governador, e o Cony estava lá. No meio de uma porção de gente, e ele me viu e me chamou. Ele disse: "eu quero te falar só uma coisa, eu quero que você vá para a Academia Brasileira de Letras". Eu disse: "de jeito nenhum, não gosto de chá!" Falei mesmo para ele: "Cony, eu não tenho espírito acadêmico, não sou obediente à língua portuguesa, eu gosto muito de corromper a língua, e então ta fora esse negócio da academia." Eu seria um mal elemento lá, um chato. Não dá certo para mim, eu não tenho muito facilidade de conversar com intelectuais, sabe. LinguagemSempre achei a linguagem destroncada mais bela que a comum. E sei que isso foi a causa de meu tardio reconhecimento. Eu concordaria que a linguagem é a minha matéria plástica. Eu plasmo a linguagem para me ser nela. Agora eu não sei se sou um defeito das minhas origens ou um efeito delas. Gosto da semente da palavra, que é a voz de Deus, que habita nas crianças, nos tontos, nos Profetas e nos poetas. Gosto da infância da palavra. Minimalismo Penso que vem de minha infância esse olhar minimalista. Eu fui criado no chão a brincar com os sapos e com as lagartixas. Eu tenho paixão pelas coisas sem importância. As coisas muito importantes me aniquilam. Dou como exemplo a bomba atômica. Eu escrevi este verso: O cu de uma formiga é mais importante do que uma bomba atômica. E eu acho mesmo! Primeiro livroO primeiro livro meu publicado foi por um camarada que eu encontrei na rua, sujeito do Rio Grande do Sul, que era editor. Ele perguntou se eu tinha algum livro pra publicar, eu disse que por acaso tinha um. Dei a ele o livro e ele leu na casa dele; disse que tinha gostado muito. Levou o livro lá para o Rio Grande do Sul e publicou. Mas [ele] nunca me disse nada, não fez contato comigo, e não sei de nada e não quero saber - e eu acho que o cara já morreu, há muito tempo! Poesia de imagemEu acho que não sou [um poeta] popular. Eu acho que de certa maneira chego a ser difícil, porque tenho muita criação de imagem, sabe. As pessoas que gostam mais de usar a razão para ler, não gostam muito de mim. Só aqueles que usam a sensibilidade são meus leitores, eu tenho certeza disso. As pessoas que lêem querendo compreender, não. Porque eu não quero falar nada. São só umas imagens. Eu acho a minha poesia tem muito haver com as artes plásticas, e com o cinema também. Sou apaixonado pela pintura. Eu tenho a facilidade de enxergar atrás do quadro, aquilo que eles querem dizer.

Eu sou um apaixonado pela vida primitiva, pelas origens nossas, e achei que era muito importante conhecer também a vida intelectual. Mas eu levei um choque, porque eu era primitivo quando cheguei lá [em Nova York]; e fiquei deslumbrado, aí a minha vida virou .

Sabe o que eu fazia lá em Nova York? Eu ia para um lugar que eles chamam de 'clous ter', que é um convento que foi trazido da Itália, uma igrejinha do século XIII, trazida pedra por pedra para os Estados Unidos e reconstruída nesse lugar, que eu freqüentei todas as tardes para ouvir música barroca. Não é a minha cara não, né? (risos). BOSCO MARTINS – correspondente da Caros Amigos/MS, colaborador dos sites: comunique-se, overmundo e cronópios.bosco.martins@carosamigos.com.brJOÃO CARLOS GOMES E JOSÉ SANTINI - Jornalistasjoao.carlos.los@gmail.com
tags: Bonito MS literatura
Fonte Disponível em: <>.Acesso em 24 de set. de 2009.




Para saber mais: Links imperdíveis!!!!
http://www.filologia.org.br/soletras/16/manoel%20de%20barros%20os%20desprop%C3%B3sitos%20da%20poesia.pdf

http://ler-e-escrever.blogspot.com/2007_06_01_archive.html
http://www.fabiorocha.com.br/ind.htm
http://www.educacao.rj.gov.br/revista/EducacaoemLinha2.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Indicação de blog sobre leitura e linguagens...


Olá turma,

Vejam as novidades do edublog EJA na diversidade e comentem..

Vamos acessar este blog????


Valerá a pena!!

Abraços,

Ana Lúcia

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Muito mais sobre a EJA


Olá amigos/as,

Este site é imperdível!!



Boas leituras!!!

Postem seus comentários...

Abraços,

Ana Lúcia

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Clipe "Caminhos do coração"


Caros amigos e amigas,


De fato a voz de Gonzaguinha reverbera em nós [...]" somos as marcas diárias de tantas outras pessoas".
É nesse entrelace que vamos formando e nos formando continuamente.
Nossas marcas, nossos lastros e nossos passos têm histórias, emoções, lutas, (des)encantos e partilha...
Vamos continuar partilhando...
Abraços afetuosos,
Ana Lúcia


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Postem aqui experiências exitosas em EJA!!!


Olá pessoal,



Socialize neste espaço experiências significativas de EJA para que possamos enriquecer nosso diálogo...


Abraços,

Ana Lúcia

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Referências de EJA (Sugestões)


Olá alun@s, colegas, amig@s, nativos virtuais e blogueiros/as,




Vejam algumas sugestões interessantes para aprofundar nossos conhecimentos em EJA.


Alves, Maria do Rosário do Nascimento. Educação de jovens e adultos.São Paulo: Parábola editorial, 2008.
BRUNEL, Carmem.
Jovens cada vez mais jovens na educação de jovens e adultos.Porto Alegre: Mediação, 2004.
DURANTE, Marta.
Alfabetização de adultos: leitura e produção de texto.Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
MOLL, (Org).
Educação de jovens e adutlos.Porto Alegre: Mediação, 2004.
MOLICA, Maria Cecília; LEAL, Marisa.
Letramento em EJA. São Paulo: Parábola editorial, 2009.
NEVES, Iara Conceição Bitencourt; SOUZA, Jusamara Vieira. Et al.
Ler e escrever: compromisso de todas as áreas.Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.
PELANDRÉ,
Ensinar e aprender com Paulo Freire 40 horas 40 anos depois.São Paulo: cortez, 2002.
PEREIRA, Marina Lúcia.
A construção do letramento na educação de jovens e adultos.Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
Forte abraço,
Ana Lúcia

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Partilhando site de EJA


Caros colegas, visitantes, amigos, alun@s,



Vamos enriquecer a nossa prática pedagógica????



Vejam o site http://www.fae.ufmg.br/neja/ edescubram livors, artigos, fóruns, notícias etc.

Boa navegação!!!

Abraços,

Ana Lúcia

Mensagem inicial..







Olá pessoal,
Bem-vindos e bem-vindas ao meu edublog sobre a EJA na Divesridade.
Sabemos que a Educação de Jovens e Adultos (EJA), no cenário contemprâneo tem nos desafiado a compreender como se aprende, como se ensina e como poderemos realizar um trabalho significativo em EJA, considerando as histórias de vida/de leitura dos sujeitos envolvidos nesta modalidade educativa, atentando para seus saberes, fazeres e dizeres, de modo que empoderemos mulheres e homens a partir da educação, haja vista que quanto mais saber possuímos mais poder temos e maior será nossa participação social.
Espero "tecer" coletivamente neste ambiente, saberes sobre a EJA, partilhar experiência exitosas, enfim , aprender, redimensionar, reinventar a nós e nossa práxis pedagógica.
Abraços esperançosos,
Ana Lúcia Gomes.

Socializando texto sobre educação e interseccionalidade de gênero, raça e classe

















Olá,


Ao participar do I Seminário Internacional Brasil França na mesa-redonda intitlulada
"Promoção da Igualdade Racial e de Gênero na Educação", abordei a questão da igualdade de gênero na educação e suas implicações.


Partilho o texto apresentado no referido evento.






INTERPELAÇÕES DISCURSIVAS: BUSCANDO A IGUALDADE DE GÊNERO E RAÇA NA EDUCAÇÃO
Ana Lúcia Gomes da Silva[1]
Este texto objetiva apresentar reflexões sobre a educação libertária numa perspectiva de promoção de igualdade de gênero e raça, possibilitando construções de sentido acerca de um fazer pedagógico implicado e engajado num projeto de educação que nos desafia a articular as categorias de gênero, raça e sexualidade, numa perspectiva relacional, percebendo as implicações de um fazer pedagógico que se constitui nos desafios de educar homens e mulheres num espaço escolar gendrado, racializado e generificante, buscando descontruir estereótipos e deslegitmar discursos e verdades que são perpetuadas a partir das construções histórico-sociais e discursivas. É a partir da leitura analítica das interpelações dos inúmeros discursos que são veiculados na mídia e na publicidade, das construções discursivas constituídas pelas múltiplas linguagens, que buscamos ancorar nosso trabalho em sala de aula e em outros espaços de aprendizagem. Para subsidiar as reflexões e análise tecidas neste texto, escolhemos para ancorar nosso diálogo autores como Louro (2007), Safiott (1992), Freire (2007) , Kimberlé Crenshaw (2002), Orlandi (2005), Fernandes (2008), Fiorin ( 2002),Teles(2003),dentre outros. A leitura dos textos de campanhas publicitários e de produtos, são realizadas à luz da AD e gênero como categorias de análise. As observações realizadas numa perspectiva de uma etnografia crítica de sala de aula, apontam para as possíveis intervenções que educadores e educadoras podem realizar se a sua prática pedagógica tiver como projeto educativo o ato político implicado na formação humana com vistas à promoção da igualdade de gênero e, consequentemente desafiados a estabelecer o ennlace das interseccionalidade de raça e sexualidade, permitindo-se o exercício de buscar superar sua formação limitada, a qual deve ser constantemente “alimentada” pela pesquisa, estudos, diálogos interdisciplinares com outros colegas em rede de solidariedade, realizando assim, partilhas de conhecimento numa perspectiva interdisciplinar, buscando transcender ao especialismo que nos deforma e nos enclausura. São as experiências exitosas que ainda são tão pouco divulgadas e circuladas, que nos move em busca de uma educação de fato emancipatória.

Palavras-chave: Educação libertária. Relações de gênero. Prática pedagógica. Discursos. Raça.

A minha experiência como educadora tem sido um constante desafio que se coloca cotidianamente no âmbito da sala de aula e fora dela, nos diversos espaços de aprendizagem. Como professora de Análise do Discurso e de componentes curriculares como leitura e produção textual, metodologia do ensino da língua portuguesa, sinto-me implicada a de alguma maneira formar leitores conscientes do seu papel e seu estar no mundo, cuja complexidade nos move e nos (des)orienta diante das constantes exposições discursivas acerca da mulher, e portanto, nos remete a discutir a promoção da igualdade de gênero, de raça, bem como discutir sobre mulheres e homens que com seus corpos sexuados, se expressam e se apresentam nas diversas instâncias sociais.
Como vivenciam na escola seu gênero, sua raça e sua sexualidade? Nesse sentido, reporto-me a Nóvoa (1992, p.41) que afirma que o estabelecimento escolar “constitui um filtro que modela as mudanças que vêm do exterior, bloqueando-as ou dinamizando-as” à medida que no seu interior desenvolvem-se padrões de relação, cultivam-se modos de ação que produzem uma cultura própria, cultura esta que basta uma observação e um olhar mais atento, ou melhor, basta ler a escola, seus sujeitos e suas ações que engendram mulheres e homens. Nas práticas e ritos da escola, tidos como naturais e educativos, percebemos como de fato, os meninos e meninas vão aprendendo seu gênero, formando filas de meninos e meninas, realizando atividades lúdicas e esportivas, classificadas como de meninos e meninas, de forma a dar conformidade, formatação. Estas práticas legitimam o sentido de ser menino ou menina. Estas práticas caracterizam a escola como um espaço gendrado. Assim como a primazia dos meninos sobre as meninas também se presentifica no cotidiano escolar e também é reforçada tanto no discurso docente, como nos discursos em geral dos profissionais que vivenciam a escola, mesmo que de forma inconsciente. Aos meninos podem: pular, correr, jogar futebol, subir nas árvores, pois são brincadeiras de meninos. As decisões das atividades também são diferenciadas. Se temos festinhas, os meninos trazem os refrigerantes, as meninas os doces, bolos, arrumam a sala, decoram e servem a todos/as juntamente com a professora, as guloseimas. A assimetria de gênero é então ratificada e os estereótipos legitimadas como algo natural, próprio da natureza feminina e dos fazeres que são de meninas, de mães de professoras. Estas ações ensinam a submissão, incutem a incapacidade intelectiva, a fragilidade, entre tantas outras características que vão sendo construídas e imprimidas na formação de meninos e meninas. A escola, portanto, se consolida historicamente como um espaço generificante cuja primazia é a do gênero masculino. Também não é diferente quanto a raça em que a primazia de uma raça, a branca, define quem tem mais privilégios, são melhores tratados, são belos, se enquadram no modelo padrão de inteligência, oportunidades, racializando de forma continuada meninos e meninas negras, que não se reconhecem no currículo da escola, pois são invisibilizados. Nesse sentido Tomaz Tadeu (2004), explicita que o currículo é sempre o resultado de uma seleção; é uma pista de corrida; relação de poder; uma arena, um território, um espaço, um lugar. É também discurso, documento de identidade. Assim, no curso dessa corrida, acabamos por nos tornar o que somos. Está, pois, o currículo inevitavelmente imbricado naquilo que somos, naquilo que nos tornamos.
A experiência que apresentaremos a seguir busca ir ao encontro de um projeto educativo que visa a promoção da igualdade e formar leitores e leitoras críticas, autônomas que com suas voz e sua comunicação com o mundo poderão com suas ações e intervenções reinventar a escola cotidianamente.
O espaço descrito como racializado, generificante e gendrado não se limita a educação básica. Na universidade também precisamos construir um projeto de educação que desconstrua estereótipos e forme profissionais á luz das relações de gênero, sem deixar de incluir na discussão, as categorias de sexualidade, raça e classe social.
É exatamente por ressoar em mim a proposta apresentada por Margareth Rago sobre o gênero na nova escola (2007), que busco ainda que de forma limitada e inicial ainda, uma prática pedagógica que nos desafia a buscar constantes diálogos com colegas de profissão que discutem as categorias citadas em seus trabalhos de pesquisa e estudos.
Sobre a nova escola, assim afirma Rago:
Uma escola[2] não hierarquizadora, feminista e libertária, não pode, portanto, escapar de examinar as tecnologias disciplinares de produção de subjetividade que promove no cotidiano. [...] Portanto, trata-se de buscar outras linguagens, abertas, descentralizadas, femininas, corporais, afetivas, que, na sua diferença, permitam questionar, e nos libertar dos procedimentos masculinos, cêntricos, “normais”, arrogantes e onipotentes operantes em nosso mundo. (RAGO, 2007, p.488).

Na disciplina Análise do Discurso e Análise do Discurso Publicitário[3] temos um campo fecundo para investirmos em atividades que primem pela análise dos diversos discursos que circulam socialmente nos diversos gêneros textuais e realizar o que nos propõe Rago, já que é com as múltiplas linguagens que operamos sobre o mundo e produzimos os sentidos e discursos que são defendidos, difundidos e legitimados.
Apresentaremos a seguir um texto analisado em sala de aula e pontuarmos de forma concisa os tópicos principais que foram deflagradores das leituras realizadas em sala de aula sendo mediadas por mim, professora, como leitora-guia, bem como os pontos “levantados” para discussão, apontando quais as responsabilidades que cada um de nós tem nesse processo de transformação social pela linguagem.
Para a AD o que fazemos ao usar a linguagem de maneira significativa é produzir discursos, os quais envolvem certas condições, certas escolhas de quem diz, não sendo, portanto, aleatórias.
Texto 1.

Fonte. Disponível em: http://www.turmadamamadeira.com.br/uploaded_images/motel-charm-736083.jpg Acesso em 03 de março de 2009.

1.Implícitos e subentendidos; Visão da mulher/mulheres;
2.Apresentação do corpo feminino pelas frutas/ausência de partes do corpo masculino;
3. Formação discursiva/formação ideológica;
4. Sujeito discursivo fala de qual lugar e por quê? Há no texto um sujeito coletivo? 5. O que reflete esse sujeito coletivo e qual conjuntura social envolve esse grupo humano?
5. Há no texto o entrecruzamento de diferentes formações discursivas constitutivas do sujeito e reveladoras de dada realidade social – identifique e analise;
6. Assimetria de gênero; preconceitos e estereótipos – identificar e analisar;
7. Presença do não-dito; endereçamento do discurso;
8. Memória discursiva, entre outros;
9. Modelo de publicidade e implicações desse modelo na formação de publicitários/as;
10. Analise a afirmação de Bordo (1997) [...] “a cultura inscreve seus sinais nos corpos, neles se estabelecendo; o corpo é, então, um texto da cultura e também um lugar de controle social”. 11.Apresente 1 ou 2 exemplos de propaganda feminina que se insere no contexto da citação. Analise ainda:
12. Estereótipos;
13. Construção social de gênero;
14. Contexto histórico que ancora os textos;
15. Invisibilidade feminina;
16. Estereótipos;
17. Gostos femininos;
18. Interseccionalidade de gênero; raça e sexualidade.
Este breve relato aponta o quanto ainda temos a trilhar em busca de uma educação que prime pela formação humana integral com vistas a uma educação libertária.
Assim, pensar a igualdade e a democratização da educação exige, necessariamente, a reformulação curricular, em especial nos cursos de formação docente, para contemplar o enlace das categorias de gênero, raça, sexualidade no ensino para potencializar uma educação anti-sexista, anti-racista e anti-homofóbica. Apresentar e discutir as categorias de gênero e raça é nosso propósito neste ensaio. O enlace, aqui pensado, dialoga com o conceito de intereseccionalidade formulado por Kimberlé Crenshaw (2002) que afirma a coexistência de diferentes fatores, vulnerabilidades, violências, discriminações, também chamados de eixos de subordinação que acontecem de forma simultânea na vida das pessoas. A interseccionalidade, segundo Kimberlé (2002, p.117),“trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças,etnias, classes e outras”. Na mesma perspectiva, Verena Stolck (1998) aponta a insatisfação das mulheres negras com o que elas sentem como falta de sensibilidade das feministas brancas em relação às formas de opressão específica vivenciadas pelas negras. Para Stolck, essa problemática acrescentou uma nova questão na agenda feminista, que é: de que modo a abordagem de gênero, raça e classe se cruzam para criar fatores comuns e também para criar diferenças nas experiências das mulheres. O conceito de raça, entendido a partir de Teles (2003, p.85), não se pauta em perspectivas biológicas conforme prevaleceu os ideários ‘pseudocientíficos’ dos séculos XVIII e XIX e sim compreendido na acepção dos movimentos negros sob o viés sociológico”. Assim pensado, raça, enquanto categoria sócio-política se apresenta como um instrumento de combate ao racismo na educação, que atinge particularmente os negros(as). Nesse desdobramento, o sentido do gênero enquanto construto social é encontrado na célebre frase de Simone de Beauvoir “não se nasce mulher, torna-se”, escrita em 1949, no livro “O segundo sexo”, onde a autora, refletindo sobre a condição feminina, questiona o que é ser mulher . Ao fazer tal questionamento, a autora aponta que a mulher não tem uma essência, que ser mulher é um processo de devir. Na trilha de Beauvoir, Scott (1985) aprofunda a discussão do gênero como uma construção social e apresenta o conceito como uma categoria de análise dividida em duas partes e várias subpartes, ligadas entre si e analiticamente distintas.
Como categoria política, o gênero pode ser concebido em várias instâncias, tais como, no plano da linguagem, nos símbolos culturais evocadores de representações, nos conceitos normativos como construção de significado, organizações e instituições sociais, identidade subjetiva, como divisões e atribuições assimétricas de características e potencialidade. Nessa perspectiva, Louro (2007) afirma que o gênero pode ser relocado para o campo social, pois é nele que se constrói e reproduzem as relações desiguais entre os sujeitos. A partir da concepção relacional do gênero, o conceito de relações de gênero deve ser capaz de “captar a trama de relações sociais, bem como as transformações historicamente por ela sofridas através dos mais distintos processos sociais” (SAFFIOTI, 1992, p.187). Porém, as relações de gênero não se restringem às características inerentes ao homem e a mulher. As relações de gênero não são complementares, elas constituem uma totalidade dialética, na qual suas distintas partes interagem de forma orgânica. Apoiando-se em Beauvoir (1962), Saffioti (1992) afirma que tanto o gênero quanto o sexo são inteiramente culturais, “já que o gênero é uma maneira de existir do corpo e o corpo é uma situação, ou seja, um campo de possibilidades culturais recebidas e reinterpretadas” (p. 190). Nessa perspectiva, o corpo de uma mulher é fundamental para definir sua situação no mundo. Contudo, é insuficiente para defini-la como mulher (SAFFIOTI, p.190). É importante observar que grande parte dos discursos sobre gênero, de algum modo englobam a questão de sexualidade.
É nesse sentido, que as observações realizadas em sala, a partir de uma inspiração etnográfica feminista, apontam para as possíveis intervenções que educadores e educadoras podem realizar se a sua prática pedagógica tiver como projeto educativo o ato político implicado na formação humana com vistas à promoção da igualdade de gênero e consequentemente desafiados a estabelecer o ennlace das interseccionalidade de raça e sexualidade, permitindo-se o exercício de buscar superar nossa formação limitada, a qual deve ser constantemente “alimentada” pela pesquisa, estudos, diálogos interdisciplinares com outros colegas em rede de solidariedade, realizando assim, partilhas de conhecimento numa perspectiva interdisciplinar, buscando transcender ao especialismo que nos deforma e nos enclausura. São as experiências exitosas que ainda são tão pouco divulgadas e circuladas, que nos move em busca de uma educação que nos permita, como professoras da Universidade do Estado da Bahia, integrantes do Núcleo de Gênero e Sexualidade – Diadorim, revisitar os nossos currículos e práticas pedagógicas a fim de contribuir com a construção de uma educação anti-sexista, anti-racista e anti-homofóbica, ou seja, uma educação emancipatória. Na leitura inicial das nossas matrizes curriculares, observamos a necessidade da inclusão das categorias de gênero e sexualidade nos currículos, em especial nos cursos de licenciatura. A partir desta constatação, criamos o GT “Educação, Gênero e Diversidade” com o propósito de fomentar a discussão entre os pares para construção de um currículo gestado coletivamente, ouvindo os diversos segmentos acadêmicos. Sabemos que a discussão de currículo, como bem afirma Tadeu (2004) é uma arena de poder, uma demarcação de território que envolve tensões e dissensos. Se o perfil do profissional que queremos formar na nossa universidade é de um profissional que percebe a educação libertária, não homofóbica, devemos incluir em nosso debate a questão da interseccionalidade das diferentes categorias de análise.
Referências
CRENSHAW, Kimberlé W. Documento para o Encontro de Especialistas em Aspectos da Discriminação Racial. Estudos Feministas. v.10, n.1, 2002. p.171-188.
FIORIN, José Luiz. Teoria e metodologia nos estudos discursivos de tradiçãoo francesa. In: SILVA, Denize Elena G; VIEIRA, Josênia Antunes (Orgs.) Análise do discurso: percursos teóricos e metodológicos. Brasília: UNB, Editora Plano, 2002.
LINTON, Rhoda. Rumo a um método feminista de pesquisa. In: JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R. Gênero, corpo e conhecimento.Rio de Janeiro: Rosas do Tempo, 1997. p. 293-314.
LOPES, João Teixeira. Tristes Escolas: práticas culturais e estudantis no espaço escolar urbano. Portugal: Afrontamento, 1996.
MUSGRAVE, P. W. Sociologia da Educação. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian 1979.
NÓVOA, Antônio. Para uma análise das instituições escolares. In: ________ (org.). As organizações escolares em análise. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992. p. 13-43.
RAGO, Margareth. Por uma educação libertária: o gênero na nova escola. In: BARBOSA, Raquel Leite Lazzari.(Org.) Formação de educadores: desafios e perspectivas.São Paulo: Editora UNESP, 2003.p.479-490.
SARDENBERG, C. M. B. Da crítica feminista à ciencia a uma ciencia feminista? IN: COSTA, Ana Alice A. ; __________ (Orgs.). Feminismo, ciencia e tecnología. Salvador:REDOR;NEIM-FFCH;UFBA, 2002, p.89-120.
SCOTT, Joan. Experiência. In: SILVA, A.L. da., LAGO, M.C.S., RAMOS, T.R.O. (orgs). Falas de gênero: teorias, análises, leituras. Forianópolis: Editora Mulheres, 1999. p.21-56.
STOLKE, Verena. Sexo está para gênero assim como raça para etnia. In Estudos Afro-Asiáticos. n.20, 1991. p.101-117.
SWAIN, T. N. Feminismos e lesbianismo. Labrys, Estudos Feministas,n. 1-2, jul./dez., 2002. Disponível em http://www.unb.br/ih/his/gefem/labrys1_2/femles.html. Acesso em: 18/07/09.
TELES, Edward. Racismo à brasileira :uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro : Relume Dumará: fundação Ford, 2003.
WITTIG, Monique. La pensée straigh:. questions feminists. n. 7, Paris: Tierce, fev. 1980.
LOURO, Guacira. Currículo, Gênero e Sexualidade. São Paulo: DP&A, 2007.
SAFFIOTI, H. Rearticulando Gênero e Classes Sociais. In: 140 ENCONTRO da ANPOCS. Caxambu: ANPOCS, 1992.

[1] Professora Adjunto da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. E-mail: analucias12@gmail.com
[2] Ampliamos nosso entendimento de escola para o espaço formativo das faculdades e universidades que formam os profissionais que estarão na Educação Básica. É fundamental que nós, os formadores/as, possamos a partir da teoria que subsidia a nossa prática, realizar uma prática pedagógica desafiadora e libertária, fazendo acontecer em nossas aulas e, portanto, na prática dos futuros educadores/as que estão sob a nossa responsabilidade, a compreensão da interseccionalidade de gênero, raça, sexualidade e classe social para a efetivação de uma educação que busca a igualdade de direitos e oportunidades idealizadas pelos seres humanos. Defendemos que a teoria por nós estudada e acreditada será imobilizada e paralisante se continuarmos apenas discursando sobre ela, mas, se ao contrário, estivermos operando com ela cotidianamente, modificaremos muito dessa hierarquização e assimetria que ainda marcam as relações sociais.
[3] Esta experiência tem sido desenvolvida há dois semestres (2º de 2008 e 1º de 2009) nas aulas de Análise do Discurso Publicitário – ADP, na União Metropolitana de Educação e Cultura - UNIME - Lauro de Freitas- Salvador BA, no 7º semestre do curso de Comunicação Social Publicidade e Propaganda.