sábado, 3 de outubro de 2009

Mais leituras no "Tabuleiro das Letras"...





Olá colegas, amig@s, nativos digitais....

Partilho com vocês meu texto sobre "Leitura e escrita" que foi publicado na Revista Eletrônica Tabuleiro das Letras - UNEB .Vejam o link:
http://www.tabuleirodeletras.uneb.br/secun/numero_02/pdf/artigo_vol02_02.pdf

Quero saber sua opinião.Poste aqui seu comentário e ampliemos nossas leituras e construções de sentidos...
Abraços,
Ana Lúcia Gomes

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Leitura como gênero de 1ª necessidade....


Olá leitores/as,

Partilho com vocês o texto que fiz sobre a importância da leitura e a formação do leitor/a.

Boa leitura!!!

Ana Lúcia

Cesta Básica Cultural: o livro como alimento de primeira necessidade

Ana Lúcia Gomes da Silva *

Ler devia ser proibido [...] acorda os homens/mulheres[1] para as realidades impossíveis, tornando-os/as incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. [...] A criança que lê poderá tornar-se um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzindo a crer que tudo pode ser de outra forma. (Guiomar Grammont, 1999,p.1)


Quem milita na formação de leitores e leitoras não poderia deixar de aplaudir e implicar-se com a decisão do Senado que aprovou nesta terça-feira, dia 07.04.09 a proposta de criação do “Programa Cesta Básica do Livro” de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT- DF). O desafio é tornar realidade um programa dessa natureza, que implica uma concepção de educação voltada para a cidadania e com caráter político que reveste o ato educativo para que formemos leitores e leitoras e tenha um alcance nacional e em rede de solidariedade em todos os níveis da educação.

Não poderia ser mesmo de outro autor, senão de alguém como Cristovam Buarque, que defende de forma pertinente e com conhecimento de causa, o investimento que precisa ser feito na educação em todos os níveis de ensino.

Sempre defendi que livros deveriam ser concebidos como material de primeira necessidade na cesta básica, alimento essencial a crianças, adultos, jovens, idosos que a partir do acesso aos livros podem realizar o que Guiomar Grammont nos convida a fazer na epígrafe que abre este texto: a se inconformar com as desigualdades e barbáries do mundo, com a fome de alimentos e a fome cultural, com a violência de gênero que recrudesce no país e em todo o mundo vitimando de forma perversa mulheres e crianças.
É preciso que acordemos para as realidades possíveis e impossíveis, como sinaliza a autora e nos empoderemos de forma corajosa, coletiva e continuada em prol da formação de leitores e leitoras que a partir de sua leitura e escrita façam de suas vozes e seus textos, sua comunicação com o mundo.
Segundo os PCN, (1998)[2] a educação deve estar comprometida com a cidadania, trabalhando, junto aos alunos, os princípios: dignidade da pessoa, igualdade de direitos, participação e co-responsabilidade pela vida social.
Até quando apenas discursaremos sobre estes princípios sem vê-los tornarem se prática concreta em nosso cotidiano? A dignidade da pessoa humana passa essencialmente pelo acesso aos bens e usufrutos culturais, pelo reconhecimento de direitos, pelo respeito às diferenças e pelo acolhimento ao ser humano. Tudo isso aliada à exigência da co-responsabilidade que é nossa, é coletiva, de educarmos mulheres e homens à luz das relações de gênero, formando leitores e leitoras que implicados passem a modificar o seu entorno. Nesse bojo, os/as educadores e educadoras, pais, tios, tias, bibliotecárias/os, gestores/as públicos, enfim, todos e todas devem lutar em prol da leitura como formação que possibilita desvendar, compreender o mundo e alterar as realidades perversas do analfabetismo, da exclusão, do medo, da intolerância, através de uma educação que emancipe mulheres e homes igualmente.
O Projeto de Lei aprovado prevê a distribuição de dois livros de literatura, artes, ciências e de caráter científico, por bimestre letivo (oito livros ao ano). Claro que é muito pouco, mas o circuito dos gêneros textuais, por exemplo, realizados nas escolas poderão ampliar as leituras, os debates e fomentar a produção de outros gêneros textuais tendo como “mote” os livros lidos. As estratégias são muitas basta que cada escola elabore projetos de leitura e escrita a partir dos livros do referido programa e paulatinamente vá ampliando o acervo.
As ações maiores e com maior alcance nacional deverão ser implementadas a partir de políticas públicas para o livro e a leitura como ação política em prol do livro e da leitura, além da continuada formação dos docentes e demais atores e atrizes socais que cotidianamente constroem a escola.
Não se pode admitir que o porteiro, a merendeira, a faxineira sejam analfabetos dentro da própria escola. Que formação é essa que invisibiliza e exclui diversos profissionais como se todos e todas que fazem a escola não precisassem ser leitor voraz, crítico e autônomo? São essas distorções que precisamos corrigir em programas que sejam realizadas a partir de redes de ensino que incluam as universidades, ONG, instituições de fomento à pesquisa, entre outras, numa circularidade com a escola e seus agentes.
O autor do projeto Cristovam Buarque e relator Marco Maciel (DEM-PE) afirmam que “ o projeto, que é terminativo, segue agora para a Câmara dos Deputados.” A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) afirmou que “o projeto é autorizativo e que teme que ele seja arquivado na Câmara” (2009, p.1)[3] o que nos aponta o descompromisso dos políticos para com a educação. Lembrem-se, políticos eleitos por nós. Ser leitor/a implica saber realizar escolhas de forma crítica, consciente, e o voto é um, dentre tantos instrumentos de poder do cidadão/ã , que deverá estar atento/a aos desdobramentos das votações e encaminhamentos oficiais em torno do referido projeto.
Essa causa é nossa. Impliquemos-nos nela!!!!




* Professora adjunto do campus/ IV/UNEB e membro da Comissão de Estruturação do Sistema de Bibliotecas da UNEB. COM- SISB.
[1] Grifo nosso para leitora na epígrafe e mulheres na citação de Guiomar. Para cf. ler A formação do leitor: Pontos de vista. RJ: Argus, 1999.
[2] BRASIL. Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa. Ensino Fundamental 3º e 4ª ciclos. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Ação Educativa, 1998.

[3]Disponível em: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2009/04/07/comissao-do-senado-aprova-cesta-basica-de-livro-sem-dotacao-orcamentaria-755183530.asp. Acesso em 09 de abril de 2009.